Há muitos e muitos anos atrás, numa terra muito muito distante, havia um lugar onde muitas pessoas trabalhavam miseravelmente a fim de cumprir com suas obrigações profissionais. Muitos se esforçavam muito, participavam de intermináveis reuniões, e faziam muitas “horas grátis” todos os dias. E por mais que se esforçassem muito, nunca conseguiam dar conta do volume de trabalho que havia. As coisas sempre estavam atrasadas e a qualidade dos serviços prestados pela organização como um todo eram bem abaixo do que se esperava. Era um verdadeiro caos.
Um dia três funcionários se encheram de coragem e trabalharam furiosamente a fim de tentar colocar as coisas em dia. A família destes quase mandou eles para a cucuia, mas eles prosseguiram bravamente por quase duas semanas trabalhando exaustiva-mente. Quando terminaram, respiraram aliviados, pois finalmente iriam parar de correr atrás do rabo! Chega de apagar incêndios e fazer as coisas correndo na última hora, agora eles iriam se preocupar com o que realmente era importante no trabalho. Aquilo que eles tanto sonhavam iria se realizar. A satisfação profissional estava finalmente ao seu alcance.
Foi aí que algo muito estranho aconteceu. Depois de tomar um cafezinho e respirar por um instante, eles se entre olharam e começaram a pensar no que fazer então. Silêncio. Os olhares se cruzaram embaraçados e um virou e foi mexer no computador, outro foi rever algumas anotações no caderno enquanto o terceiro começou a olhar no armário para se certificar que estava tudo realmente arrumado. Em pouco tempo eles perceberam que não tinham a menor ideia do que fazer. Fora do caos o seu trabalho parecia vazio. Eles nunca tinham parado para planejar direito as coisas, nunca tinham preparado uma reunião decentemente, não tinham a menor noção de por onde começar.
A verdade é que tinham se acostumado a trabalhar correndo atrás do prejuízo. Como as demandas estavam sempre se amontoando sobre as suas mesas, nunca pararam para raciocinar sobre o que deveriam fazer. Nunca havia tempo para isso. Foi aos poucos que perceberam que eles realmente não sabiam fazer seu trabalho, porque nunca tinham o feito. Passados alguns dias as tendências voltaram a se acumular e a paz foi restaurada. Enfim parece que o caos é o único estado em que a incompetência consegue passar desapercebida! No caos o mais estúpido dos mortais pode passar como um esforçado agente, fundamental para o bom funcionamento da organização como um todo.
É claro que isso é num lugar muito muito distante, há muitos e muitos anos atrás…