Conexões

Por um momento me perguntei sobre o que nos conecta como seres humanos, como grupos, como identidades, como casais. Que tipo de vínculo nos une?

Acho que a forma mais natural de conexão com o outro é a convivência. Viver na mesma família, morar na mesma cidade pequena, estudar na mesma escola, ou faculdade. Pode parecer aleatório, mas cria vínculos muito duradouros.

Certamente as afinidades são os vínculos mais óbvios que os casais percebem entre si. Gostar de coisas semelhantes parece fazer aquele encontro ser mágico, como que predestinado. Quem brinca muito bem com essa ideia é o diretor Yorgos Lanthimos, no seu filme “O Lagosta“. Vale a pena assistir. Será que precisamos da semelhança para nos conectarmos? E será que não?

Eu acredito firmemente na força dos vínculos das pessoas que compartilham sonhos. Quando eu era professor, ou fazia parte do movimento estudantil, a sensação de compartilhar um sonho, de querer transformar o mundo a nossa volta, é um encontro profundo e traz uma sensação de respeito e admiração pelo outro. Laços inesquecíveis na minha opinião. Uma sensação de fundação de uma identidade, difícil de explicar.

Recentemente eu me peguei percebendo um tipo de vínculo que eu não tinha claro para mim, o vínculo pela dor. Pelo reconhecimento no outro de uma dor que você vive ou vivenciou, como o luto, ou uma situação difícil, como ter um filho com uma condição especial, sofrer uma violência que deixa marcas, etc. Essas dores, quando se reconhecem, trazem laços de solidariedade que me fazem pensar, na nossa própria condição de humanidade. Você já se percebeu criando laços assim?

Os nossos vínculos de formam e se desmancham com o tempo, por mais de um motivo, e por outros que não tive a capacidade de perceber ou verbalizar. Acho interessante apenas perceber, como esses vínculos nos constroem, e fazem parte da nossa história, uma história mais rica do que imaginamos quando não paramos para olhar um pouco de longe…

Pulando a parte gratiluz do texto, me sinto feliz pela história que já construí até aqui, com vínculos incríveis que me atravessaram e os que ainda fazem parte da minha vida. Sem contar os que ainda virão.

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