Dezembro, ou: esperando janeiro

Dezembro começou direito e eu não vejo a hora de janeiro chegar. Quem me conhece sabe do meu apreço pelo mês de janeiro (caraca, eu escrevi isso em janeiro de 2011 e ainda cito o mesmo texto aqui, preciso escrever coisas novas…).

Esse ano aconteceu tanta coisa já. Foi um turbilhão. Entre lutos e paixões, o saldo parece positivo, mas já deu 2023. Não precisa aprontar mais esse ano, deixa para 2024, ok? Vamos dar uma paz e desacelerar logo, para que novas coisas venham no seu tempo. Que esse coração já bateu e apanhou demais.

Ano passado eu morri, mas esse ano não, tô aqui de pé. Só não abusa que tô meio bambo aqui, me segurando. Feliz, mas cansado para caráleo. Não foi uma maratona, foram várias. De um lado, não houve grandes realizações, daquelas que você posta foto para mostrar no Instagram:

  • Não houve um PGConf.Brasil para organizar
  • Não houve nenhum grande projeto em um grande cliente
  • Não mudei de casa
  • Não criei nenhum software, curso, ou mesmo uma grande palestra, ou mesmo um grande artigo no blog
  • Não me casei, nem tive filhos (muita calma nessa hora)
  • Não fiz nenhuma grande viagem (era para ter feito, mas na última hora não rolou), nem tirei férias incríveis
  • Não fiz nenhuma trilha espetacular, ou uma grande travessia

Não foram os grandes feitos. Mas as grandes dores e as mudanças internas. Foi lidar melhor com o TDAH. Fazer o luto de um casamento e de uma ideia de relacionamento que me marcou muito a vida. Sair da Timbira e deixar para trás um projeto que construí por 14 anos. Passar 2 meses sem saber se ia conseguir um novo emprego, sem saber se voltaria para a Timbira e sem saber se ia conseguir continuar a pagar o aluguel. Foi procurar novas formas de lidar com a solidão, mesmo sem conseguir que estas formas façam o efeito desejado ainda. Foi perder um enteado com quem convivi por 12 anos, com quem eu mantive uma relação por mais 10 anos depois do divórcio. Encarar um novo emprego numa empresa fora do Brasil pela primeira vez na vida e não saber se eu daria conta. Palestrar em vários PGDays pelo Brasil, mas também saber que não daria conta de ir em todos os eventos que eu gostaria de ir. Voltar a ler aos poucos e nesse caminho, redescobrir a poesia na minha vida. Conhecer uma pessoa nova e me apaixonar e investir numa relação em novos moldes, num processo completamente novo e incrível para mim, mesmo com todo medo e incerteza no caminho.

E no final do ano, mesmo com todas essas dores e vulnerabilidades, ouvir essa pessoa dizer que está apaixonada por você. Chorar um no colo do outro nos momentos difíceis. Chegar no final do ano e ver que as coisas estão caminhando bem, que está valendo a pena e até acreditar, que 2024 será melhor. Mas por favor dezembro, pisa devagar e traga logo janeiro: tenho pressa de viver!

Se tem uma música que marcou 2023 e o Spotify não entendeu, é “Coração Selvagem”

3 comentários

  1. Bruno, bom saber que 2023 deixa um saldo positivo e que a vida segue ensinando, entre trancos e barrancos.
    Bjao

    Pérsio

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