Tirando uma parcela muito peculiar da população, todo mundo gosta de sexo. Cada um, a sua maneira. A maneira de cada um pode variar muito dentro da sua singularidade, dentro das suas experiências de vida e ainda dentro do lugar e do tempo onde você vive. Fato é que, em se falando de sexo, sempre achei vário o eufemismo na expressão de “dormir com alguém”. Parecia bem razoável.
Dormir com alguém significaria, estar em um lugar que lhe permita ter intimidade, transar e ainda passar um tempo junto depois disso. Acho ótimo. Imagino que ficaria horrorizado com a ideia de alguém que ir embora logo após o sexo ou a pessoa não se aconchegar em mim após gozar, mesmo que durma logo depois. Eu realmente iria preferir não encontrar essa pessoa novamente. E veja, nada contra quem gosta de sexo casual. Acho super válido. Só não é um busca para mim, ele acontece… e pode ser muito divertido. Mas Sexo, no meu ponto de vista, tem a ver com o antes, o durante e o depois. As 3 partes são muito importantes. “Dormir com alguém”, me dá essa sensação de que essas 3 partes são factíveis. Tá lindo.
Mas, como meus pais me diziam, eu sou do time dos eternos insatisfeitos. Durante a noite, tudo parece acontecer num tempo diferente. Você está aguardando aquele momento há algum tempo. Há toda aquela dança do acasalamento: sair, beber alguma coisa, talvez dançar, um cinema, ou ir ver uma coleção de borboletas… Seja como for, há uma expectativa crescente, uma ansiedade. Que pode ser uma coisa gostosa, toda aquela corte, aquela troca de olhares e intenções. E por mais que vocês sejam atletas sexuais, se tudo der certo, ou melhor, se não der muito errado, vocês vão dormir e acordar na manhã seguinte. Você pode ajustar esta expressão para o seu fuso horário se for o caso.
Em algum momento vocês vão acordar. Provavelmente alguém vai acordar primeiro. Talvez só para ir ao banheiro. Pode ser uma ótima oportunidade para escovar os dentes novamente também! E você pode querer perambular um pouco por aí enquanto o outro dorme, ou preparar um café, ir ver o sol nascer da janela, não importa muito. O importante é que se você tem um afeto pela pessoa que ainda está lá na cama, você tem a vontade de voltar. E é aí que a magia acontece. Você pode só ficar olhando o outro dormir. Pode fazer um carinho bem suave para o outro não acordar. Pode se chegar de conchinha bem devagar. Pode dar beijinhos. É bem possível que, sem saber, você vá lembrar desse momento anos depois…
E não tem muita regra para o que pode acontecer depois. Aliás, essa é a graça da coisa. Se você tiver a deliciosa sorte de não ter pressa nessa manhã, e realmente gostar da companhia da pessoa ao seu lado, você pode ter ganhado na loteria nesse momento. Solte o cinto de segurança e aproveite a viagem sem destino certo. Pode ser que vocês fiquem trocando carinhos e olhares. Podem acontecer conversas inusitadas. O sexo provavelmente irá acontecer novamente… talvez mais de uma vez. Quem sabe um café da manhã no meio disso? Tudo junto e misturado, não necessariamente nessa ordem.
E pode ser que você conheça outra pessoa pela manhã. Sem a pressa ou a pressão por uma performance na cama. Sem a ansiedade ou o medo do outro não aprovar o seu desempenho, ou as suas curvas. Talvez o outro note você está acima do peso ou achar ruim aquela sua cicatriz. Pode gostar de alguma coisa bizarra (seria bom ter perguntado algumas coisas antes, mas vai saber). O fato é que de noite vocês já devem ter resolvido isso em algum momento. Já tiveram intimidade e ninguém saiu correndo. Afinal, vocês acordaram juntos. Você se sente relaxado, seguro, sereno. É uma manhã de sol ou chuvosa, ou nublada, não importa. Você acordou ao lado de uma pessoa que você gosta. Não é uma sensação incrível? E agora você pode acordar ou ser acordado por essa pessoa de forma peculiar. Pode abraçar essa pessoa sem medo. É um momento de entrega sem pressa. De sutilezas, de diálogo sem roteiro, de afeto e de não olhar para o relógio. É o momento de encontrar alguém sem maquiagem, sem aquela pretensão de lhe impressionar. É um momento de encontrar o outro desarmado, inteiro ali naquele momento. Solto, leve e provavelmente feliz.
Como disse a querida Lia d’Assis, não é sobre sexo, é sobre intimidade!